terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

tenho um irmao que vive do outro lado do mundo,
e quando eu falo do verão, ele fala do inverno.
e assim vamos indo
cada um no seu canto, eu meio moribundo
e ele ciente de quase tudo

nos parecíamos até um pouco
metidos cada um num terno.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

infanto

lembro de três coisas

No meu aniversário à noite, atravessei o jardim, abri o portão de ferro e lá estava o meu avô com um presente nas mãos, um embrulho talvez vermelho. Eu peguei o presente, fechei o portão já corria de volta pra festa quando me dei conta de que tinha fechado o portão na cara do meu avô.

Na festa de carnaval da escola, eu estava vestido de marinheiro, e uma professora enrugada começou a dançar comigo olhando para a minha cara com um sorriso histérico. Então eu joguei os confetes na cara dela. Me lembro dela cuspindo os confetes, com o sorriso desfeito.

No banco de um avião eu comentava com meu primo sobre as fezes da obesa do banco da frente que vira sair do banheiro. Comentava sobre o cheiro horrível e sobre a textura estranha. A obesa se virou e me bateu, não muito forte, com sua bengala em minha cabeça.

Do quarto do apartamento sempre ouço de madrugada os latidos dos cachorros do morro. inúmeros cães.
E frequentemente também um homem que grita: "Eeeeeiii! Eu sou atleticanooooo"
E repete isso como um vendedor noturno de picolé no meio do asfalto.

Sóbrias

Mulheres perdidas
lindos versos sem vida
cada uma delas

Virgínia
Amanda
Rafaela
no salão, são restos de uma festa
que eu não aproveitei


sombras dançam sobre suas querelas

uma luz noturna sobre os balões furados
e um bilhete;

"foram ser sóbrias, envoltas por braços
de estátuas musculosas da liberdade."