segunda-feira, 20 de junho de 2016


Alguma coisa de errado acontece
no meu coração

tenho tantas quimeras
ainda que cansado
faço tanto de tão pouco
e de maneira afobada
esperando produzir uma espécie de ouro inédito
termino pobre, alienado

não conheço muitos poetas
e tudo é tristeza no rosto dos atletas
mais disciplinados
estou pronto
mas pra quê?

perco a cada minuto
o mesmo jogo continua
me torno então um espectador
cheio de anseio e esperança
- o poluente -
e necessidade de dinheiro

perco.
não me incomodo em perder
mas o jogo recomeça
tomo os sorrisos, trejeitos dos errantes
como expressão da sinceridade última.



quarta-feira, 15 de junho de 2016

Eu preciso de uma espécie de soro
não de fé, ou esperança
preciso do desespero
da parcela que me cabe
para sumir no mundo

Sendo latino, branco
tendo aberto as veias do pulso
sentindo raiva 
minha e de quem passa, rindo
tudo muito visível
e pouco verbalizável

não tenho mitos
tenho uma febre que não passa
tenho um idioma morto
uma febre, uma mágoa
cheia de imagens, delírios
e detritos

não preciso de calma, esperança
preciso do desespero
preciso de uma espécie de soro
um tipo de ódio ou de dor

preciso ter um nome sujo
um amigo desapontado
ir embora daqui
e ser ignorado.