Eu queria escrever. Qualquer sujeito que está começando uma segunda faculdade em Letras estaria escrevendo como um lunático. Acontece que eu não. Eu tenho carinho pelas palavras. Não quero usá-las. Ninguém gosta de se sentir usado. Quero amá-las da forma que não me é permitido amar a todas essas meninas que andam cheias de segredos, sempre se escondendo atrás de homens de sexualidade duvidosa. Que se escondam, pois na arte eu sou o que elas mais detestam; um verdadeiro cúmplice. Mas na vida, posso fingir ser a carcaça de homem que elas tanto acham que eu sou, logo querem que eu seja. Sou raso para elas.
E quando a superfície se quebra, meu abismo engloba seu entorno de pequenos precipícios e lagos profundos. O que se ergue é uma substância amorfa, sublimada, sobre a qual coloco minha assinatura como adorno, sabendo que foram elas. Foram elas que quebraram a porra da superfície.