quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

nefasto

Nefasto.

não quero ser o homem ressentido que eu vejo atravessando as ruas.
nunca fiz nada que prestasse no quarto branco desse hospício.

A explicação é muito simples: não brinco com a imagem dela. Eu a tomo para mim, eu necessito dela. Alguns amores têm a deliciosa característica de educar; são Mitologia por natureza. Tem o potencial de arrastar o sujeito para dentro do palco escuro do seu inconsciente.
Ali ele chega a dançar sem qualquer  música, grita, representa o melhor que pode aquilo que não pode negar. Ele diz, "Eu!" para o mundo. Ele é a História, enfim. Em sua vida encena o que ele não sabe, com a ajuda dos deuses que inventou.

Mas mitos são desse jeito mesmo. São como lembranças horrendas.
A cada imagem que projeto, vislumbro uma possibilidade dessas lembranças acontecerem.
Me lembro, e nem sequer vivi nada disso. Quero que isso aconteça.
Eu mesmo queria ser apenas um homem nas nuvens com papel e caneta planejando minha vida: eu queria ser Deus. Quem não queria?

Uns sentem inveja de deus, uns o temem
Outros são ateus.

Mas não acreditar em nada nem é um símbolo de superioridade: acho inclusive, que grande parte dos ateus são apenas insensíveis o suficiente para nunca terem suspeitado de nada. São tão confortáveis e tediosos quanto o Papa.