sábado, 29 de dezembro de 2012


Eu entendo e até admiro homens  que conseguem criar através da disciplina um universo supostamente completo e auto-suficiente. Mas essas pessoas simplesmente funcionam de outro jeito, como um instrumento musical que se ligasse à pilha, enquanto outros ligam somente à tomada.

Pertencer à fonte, depender de algo maior e sempre mais belo. De certo é um diagnóstico que se encaixa em nossa geração, filha de hippies deslumbrados que reergueram-se de seu declínio, e hoje nos sustentam através de trabalho compulsivo.  Filhos de uma juventude tão bela e livre que, só de pensá-la, tenho nojo de mim. Preciso de tomada.

Veja aonde eu cheguei. Me formei, agora tenho um diploma de zero à esquerda. O mundo se apresenta à minha frente cheio de estímulos irritantes. Vejo ao meu lado que todos estão sentados em seus computadores, e que o individualismo é a nova pátria; acima de tudo, deve-se honrar a si próprio com festas, músicas, pulos de pára-quedas e brindes barulhentos, e assim foge-se da realidade(essa que andou perdendo a substância para os de nervos mais frágeis). 

Quanto a mim, agora posso escolher por viajar, trabalhar, namorar…tudo, é claro, dentro das cicatrizes em meu currículo. mas não me presto a sustentar qualquer uma dessas escolhas. Entre uma vida entediante e uma outra completamente agitada, gostaria de escolher o meio. Foram do ócio e da instabilidade que retirei as dádivas da minha vida, e não desse desse suor imundo que inunda os esgotos. 

De certa forma estamos todos fodidos e fartos da idéia de que seremos idosos desprezíveis.