5 minutos após eu pagar para entrar naquele quintal, uma garota branquela de óculos, acompanhada de uma amiga tímida e sardenta me disse que havia alguém interessado em me conhecer. Perguntei quem era a pessoa, então me disseram para olhar para a frente. Automaticamente vi uma menina
meio gorda desfilando perto da piscina. Veio em minha direção simulando desdém e suas amigas a apresentaram para mim, aos risinhos e com pouco tato.
Logo soube que ela se
chamava Lívia, fazia museologia e administração, era de São João Del
Rei e estava ali com o pessoal do couchsurfing - seja lá
que diabos isso signifique. Seus olhos pareciam
cansados - eu não vi neles nenhum desejo, só duas bolas cansadas, achei que ela devia ir pra cama sozinha e dormir bem essa noite. Provavelmente em seu sono eu a
fiz lembrar vagamente de um ator de novela. Suas amigas interrompiam a conversa periodicamente, se reunindo aos risinhos. Ela então me chamou para ir à casa dela do outro lado da cidade
junto com as garotas - tinha cerveja e tudo mais. Eu olhei para o lado - estava interessado na magra, com uma voz esquisita parecendo de surda, e sardas por
todo o rosto. Lembrava minha ex-namorada.
Pensando nisso, eu disse que gostaria de ir com elas, mas ia chamar um
amigo meu para ir comigo.
Saí a procura do meu comparsa, e com dificuldade achei-o sentado na última mesa do recinto, conversando com uma
amiga que estava enlouquecendo a olhos vistos. Quando
voltei para as garotas, elas tinham ido embora e a menina das sardas
também. Senti um certo alívio e comecei a pensar na minha cama, na noite
que eu tinha pra dormir, no silêncio e no fato de que eu não queria
conhecer mais ninguém.