domingo, 8 de junho de 2014

em uma noite de domingo tanto faz. nada faz, nem precisa fazer sentido. escrevo unicamente por preguiça de pensar em outra coisa. minha cabeça dói, meu corpo geme, meus rins trabalham incessantemente. são essas brigas, esse medo, esse álcool, todas essas toxinas se acumulam. muitas pessoas, incapazes de lidarem com questões subjetivas, atribuem os seus problemas à substâncias tóxicas. e então param de beber, ingerem legumes, suco de abacate, água de côco, fazem yoga, e se sentem melhor. mas estão sempre um pouco ausentes; o problema ainda está lá, e acena de dentro. você NÃO é o que você come. não é culpa das toxinas.

o termo "equilíbrio", não raras vezes é interpretado de forma equivocada.

há sempre algo de deliberado em toda situação. se pensamos que não, é porque transformamos nossas escolhas em hábitos. é porque, deliberadamente, somos automáticos. Assim como podemos ter hábito de ingerir substâncias tóxicas, podemos ter o hábito de acordar cedo, tomar café, ir pro trabalho. a diferença é que, da primeira forma, a morte está ali para te dizer: isso é um hábito escroto. isso não acontece com os bons hábitos. com bons hábitos, estamos sempre meio distantes de nós mesmos, nos parecemos mais com o william bonner do que com qualquer outra coisa.

os fins de semana estão ficando cada vez mais difíceis; posso dizer com segurança que meus dias de semana são, em geral, mais agradáveis.

em dias de semana tenho menos escolhas, e meu trabalho é relativamente bem agradável. dentro dele, posso aprender e ensinar. fora dele, onde todas as escolhas me são possíveis, me sinto prisioneiro: não há ninguém novo que aceite um convite para dar uma volta. qualquer coisa é interpretada como uma invasão de privacidade. é difícil demonstrar desejo e interesse por alguém na cidade. é tudo tão velado, tão inútil.