terça-feira, 17 de junho de 2014

isso foi

hoje tomei um copo de suco, um café, fumei um cigarro e uma ponta. o resto da manhã passei imerso em devaneios, escutando músicas feitas por seres humanos geniais. pensei em tudo o que as músicas me sugeriram que pensasse, inclusive em você. meus hábitos não são dos melhores, e minha saúde sofre as consequências. me sinto terrivelmente bem. agora eu como uma torta de morango que alguém deixou na geladeira. estava com saudade disso - de ultrapassar os limiares, de enfadar-me até o ponto de me sentir próximo de mim mesmo. a rotina é tão excruciante, são tantas as pressões de convivência que acabo perdendo, por um tempo, minha capacidade de discernir livremente. sinto apenas um impulso irracional, como um bebê em meu ventre chutando e esperneando. passo então a fumar cigarros - quero matá-lo - beber, me dopar. não suporto sua existência. não suporto minha consciência, não suporto que ela seja anterior à realidade, que esteja entre mim e o que quero ver, tocar. que esteja entre mim e as meninas. mas não há outra forma. eu existo a partir de alguém, de um sujeito, de uma idéia completamente desvairada de mim mesmo. essa idéia é deixada à revelia, e ela muda, muda o tempo todo. está sujeita a qualquer tipo de difamação, é vulnerável como uma planta. sacrifico essa planta para chegar até algo palpável, a um pedaço de realidade que eu possa agarrar, perverter, mesmo que esteja passado, que não seja presente. ao menos isso foi. essa é minha recompensa.